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Relatório da CPI das Pirâmides Financeiras que indicia Ronaldinho Gaúcho é entregue ao ministro da Justiça

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Junto com o seu irmão Roberto Assis, o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho está sendo investigado por um suposto envolvimento em um esquema de estelionato. Ambos são alvo de um pedido de indiciamento por parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, recentemente entregue ao ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB/MA).

O esquema estaria relacionado a uma empresa de comercialização de criptomoedas que teria deixado os investidores no prejuízo. “Nos deparamos com uma situação de milhares de pessoas lesadas por um esquema criminoso que ele (Ronaldinho Gaúcho) fez propaganda. Mais do que isso, era anunciado como sócio fundador dessa empresa”, contou o relator da CPI, o deputado Ricardo Silva (PSD/SP).

O parlamentar apontou não ser nada fácil para os deputados indiciar uma pessoa como Ronaldinho Gaúcho, que é bastante querido entre os brasileiros. “Mas nós nos deparamos com uma situação de milhares de pessoas lesadas por um esquema criminoso que ele fez propaganda,” explica.

Entenda o caso

O ex-jogador foi apontado como o fundador e sócio proprietário da companhia investigada pela Comissão Parlamentar, que anunciava rendimentos diários de 2%, e um lucro que poderia chegar a 400% ao mês. A empresa de criptomoedas encerrou as contas das vítimas e não pagou os valores prometidos a quem investiu, ocasionando prejuízos milionários. Assim, ela vem sendo alvo de uma ação coletiva que pede R$ 300 milhões em ressarcimentos de prejuízos aos investidores.

No final de agosto, Ronaldinho Gaúcho prestou depoimento e negou a relação de sócio que teria com a empresa, ressaltando que a sua imagem foi usada sem o seu consentimento.

“Não é verdade que sou fundador e sócio proprietário. Os sócios utilizaram indevidamente o meu nome para criar a razão social. Inclusive eu já fui ouvido pelo MPSP e pela PCRJ, na condição de testemunha. Jamais autorizei a utilização do meu nome e imagem pela empresa”, explicou Ronaldinho em depoimento dado à CPI.

O comparecimento do ex-jogador na CPI das Pirâmides só aconteceu após uma solicitação de condução coerciva, já que ele não se apresentou nas primeiras convocações dos deputados.

O ministro Flávio Dino não deu prazo para que medidas sejam tomadas, mas disse que os pedidos de indiciamento logo serão analisados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

“A partir dessa velocidade que o relatório da CPI propicia, nós vamos ter uma questão de meses à conclusão de alguns desses procedimentos. É claro que serão muitos, porque são 45 indiciamentos feitos pela CPI e isso terá desdobramentos. Afirmo que os primeiros resultados serão em meses”, contou o ministro da Justiça.

CPI das Pirâmides Financeiras

A CPI das Pirâmides Financeiras foi instaurada em junho de 2023 para investigar pirâmides financeiras que utilizam criptomoedas. Ela foi proposta pelo deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), com o apoio de 171 parlamentares, e seu objetivo é a investigação de onze companhias identificadas pela CVM que teriam feito operações fraudulentas com uso de criptomoedas.

De acordo com Aureo Ribeiro, presidente da Comissão Parlamentar, o trabalho desenvolvido tem como objetivo prevenir crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro por meio do mercado de criptomoedas. Uma das supostas fraudes envolvendo as moedas digitais cometidas pelas empresas investigadas seria a divulgação de dados falsos sobre projetos. Ademais, entram na investigação da Comissão Parlamentar algumas empresas que prometem rendimentos elevados ou garantidos para atrair as vítimas e sustentar o esquema de pirâmide.

Além de Ronaldinho Gaúcho, a CPI aprovou por unanimidade neste início de outubro o pedido de indiciamento de 44 pessoas, incluindo um sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad e diretor da Binance no Brasil, e os donos da empresa 123milhas. As pessoas listadas no documento representam 13 empresas que, em sua maioria, já quebraram com esquemas de pirâmide e respondem a processos.