Há décadas o Câncer tem sido uma enfermidade que causa pavor na população. Muito disso se deve às dificuldades em tratar dessa doença, que mesmo com toda a evolução da oncologia, ainda causa vários desafios aos especialistas.
Todavia, o cenário atual para o tratamento do Câncer é muito superior à de quatro ou cinco décadas atrás. Os médicos dispõem atualmente de uma variedade de tratamentos, medicamentos e ferramentas capazes de tratar os mais diversos tipos de tumor, e o principal, têm conseguido identificar cada vez mais cedo a doença.
Ainda assim, mesmo com o avanço impressionante da oncologia, às vezes podemos ter a impressão de que um número crescente de pessoas está sendo diagnosticada com Câncer, e essa impressão não está errada.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), no ano de 2022 foram registrados em todo o mundo 20 milhões de novos casos de Câncer, e a enfermidade foi responsável pela morte de 9,7 milhões de pessoas naquele ano.
No começo de 2024, a OMS reportou também que 1 em cada 5 indivíduos desenvolverá Câncer em algum momento da sua vida, e uma em cada 12 mulheres falecerão por conta da enfermidade. No caso dos homens, esse número é de 1 a cada 9.
O médico oncologista da Rede D’or São Luiz, Paulo Hoff, recentemente deu uma entrevista para o portal Drauzio Varella, em que comentou sobre o crescimento no número de casos de Câncer.
“Há cerca de 15 anos, quando a gente abriu o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), eram pouco mais de 350 mil casos de Câncer por ano no Brasil. Em 2024, nós vamos fechar com mais de 700 mil novos casos. Seguindo essa evolução, nos próximos anos vamos bater um milhão de novos casos”, explica o especialista.
Para o Dr. Paulo Hoff, a explicação de que a população brasileira e mundial está envelhecendo, e a melhora na eficiência dos diagnósticos não justificam o crescimento espantoso nos casos de Câncer que tem sido observado. O especialista defende que a mudança no estilo de vida da população nos últimos anos pode ser a causa desse aumento.
“Hoje a gente já consegue identificar que não são só esses fatores, os jovens também estão tendo Câncer e cada vez mais cedo. Portanto, há uma mudança no perfil epidemiológico, principalmente por conta do estilo de vida, da alimentação. Tudo isso associado, mais o alto nível de poluição nos grandes centros, parece que tem influenciado muito no aumento desses números”, disse Hoff durante a entrevista.
O que diz a OMS
Segundo a OMS, em 2050, os novos casos de Câncer podem chegar aos 35 milhões, um crescimento de 77% em comparação aos 20 milhões de novos casos registrados em 2022. Esse aumento acelerado na incidência da enfermidade está associado a diversos fatores, como o crescimento e envelhecimento da população, e a exposição crescente das pessoas aos fatores de risco.
“O tabaco, o álcool e a obesidade são os principais fatores por trás do aumento da incidência de Câncer, sendo que a poluição do ar ainda é um dos principais fatores de risco ambiental”, diz a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), agência da Organização Mundial da Saúde responsável por estudar o Câncer.
Enquanto isso, o Dr. Hoff defende que a realização de atividade física e a adoção de uma alimentação mais saudável podem ser grandes aliados no combate ao Câncer.
“O problema da vida sedentária tem a ver com a alteração de metabolismo, secreção de hormônios e com a saúde interna das células, já que você tem mais controle de processos inflamatórios quando você está ativo. O ser humano foi feito para ser ativo, não é natural ficar sentado o dia inteiro. Por isso, não existe nada melhor que atividade física, não precisa ser nada grandioso. Caminhar 180 minutos por semana já ajudam na prevenção”, explica o especialista.