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Suor humano vira joias e acessórios nas mãos de designer britânica

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Você já imaginou vestir ou calçar algo feito com o seu próprio suor? Pois é isso o resultado do trabalho da designer britânica Alice Potts: ela cria um biomaterial cristalizado utilizando suor e lágrimas como matéria-prima. Este material então é aplicado em joias, peças de roupa, calçados e outros acessórios.

A popularidade de Alice cresceu em 2018, quando ela fez o trabalho de conclusão do seu curso de mestrado na Royal College of Art, em Londres. Nos experimentos, ela criou uma roupa de exercícios físicos coberta de cristais feitos a partir de suor. Desde então, ela vem trabalhando com lágrimas e, mais recentemente, lantejoulas de bioplástico feitas com restos de vegetais, pétalas de flores, e outros resíduos naturais. 

Em um post do Instagram, ela comentou: “Assim que é cristalizada, a estrutura cúbica do suor sugere unidade, diferenciação e equilíbrio […] Trazemos as belas estruturas cristalinas à tona”. Isso porque, nas mãos da designer, os fluidos são direcionados para um processo que cristaliza o material, denominado cromatografia.

Como tudo começou 

Biomateriais como os utilizados por Alice Potts são alternativas sustentáveis para o mundo da moda. Alguns outros exemplos são o couro criado em laboratório, bactérias usadas para criar tintas não tóxicas e lãs feitas de algas. Porém, o uso de secreções corporais em suas obras é algo cheio de estigma social e uma das marcas registradas do trabalho de Potts. Ficamos curiosos para saber como ela teve essa ideia.

Em entrevista à revista Forbes, ela comentou: “Acho que o suor é uma das secreções corporais mais desvalorizadas. O fato de você poder entender a sua saúde a partir dele: se você tem certas doenças, o açúcar em sua dieta. Muitas pessoas acham que o suor tem um cheiro horrível, mas na verdade ele é o que te limpa e cura as suas cicatrizes”.

A pesquisadora da área têxtil afirma que a ideia para a pesquisa surgiu quando ela observou as gotas de suor em seu top de academia. Quanto aos seus experimentos iniciais, ela confessou à Forbes que ficou com bastante vergonha: “Durante um ano inteiro, eu ia para a academia e me cobria de papel filme”. Ela então se exercitava com várias calças e corria para o banheiro para “raspar tudo e coletar em garrafas”.

Ela disse que também se lembrava das linhas de sal que se formavam nas costas das pessoas jogando tênis assim que o suor secava.

Em entrevista à Elle, Potts comentou: “Eu amo esportes, são uma parte gigantesca da minha vida. Quando você transpira, seu corpo produz endorfina, e é ela que te proporciona essa felicidade, impossível de replicar de outra forma. Então, eu vivia para suar. Quando eu estava pensando no que desenvolver a respeito de biomateriais, comecei a me dar conta de que, para ser uma designer de sucesso, você precisa ser fiel a quem você é”.

Como funciona

A matéria-prima para a criação dos cristais é coletada de atletas voluntários. Cada um recebe uma peça de roupa para se exercitar, que é então recolhida e o fluido é coletado e reaplicado no processo de cristalização. As estruturas moleculares semelhantes permitem a formação dos cristais. 

Potts sonha em firmar uma parceria com uma celebridade, pois acredita que isso ajudará as pessoas a se sentirem mais confortáveis vestindo as suas peças. Porém, ela tem um pouco de receio de pedir à uma celebridade para coletar o seu suor: “Lady Gaga seria incrível. […] Tentar deixar as pessoas interessadas por isso e introduzir lentamente é a melhor maneira de caminhar. Espero que comece a se integrar em nosso sistema”, disse ela à Forbes.

Ela também se interessa em outras maneiras de utilizar o suor em suas peças, como, por exemplo, alterando a flexibilidade dos tecidos com a estrutura molecular do fluido. Com isso, ela pensa em inovar nas roupas esportivas: “Você poderia ter materiais rígidos e, ao suar, eles se tornariam mais flexíveis, o que permite mais movimento ao apoiar o corpo”.