Nesse mês de maio, vários casos de varíola dos macacos foram reportados em países não-endêmicos, trazendo preocupação à comunidade científica global. Apesar de investigações epidemiológicas já estarem sendo realizadas, os casos vêm sendo identificados principalmente (mas não exclusivamente), entre homens que fizeram sexo com homens, por hospitais de saúde básica e clínicas de saúde sexual.
No dia 21 de maio, havia 92 casos confirmados e 28 casos suspeitos da varíola dos macacos. Na semana entre 13 e 21 de maio, havia de 1 a 5 casos confirmados na Austrália, Bélgica, Canadá, EUA, França, Alemanha, Itália e Países Baixos. O maior número de casos confirmados no período, entre 21 e 30, ocorreu em Portugal, Espanha e Reino Unido.
O que é a varíola dos macacos?
Uma doença rara causada pelo vírus pertencente ao gênero Orthopoxvirus, a varíola dos macacos é endêmica em 12 países: Benin, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana (identificado apenas em animais), Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul. O gênero Orthopoxvirus também inclui o vírus da varíola, que é o vírus presente na vacina humana da varíola, e o vírus da varíola das vacas.
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando a doença se manifestou em colônias de macacos que estavam sendo estudados. O primeiro caso da doença em humanos ocorreu em 1970 na República do Congo, onde a maioria das infecções permanece até hoje.
Sintomas e transmissão
Os sintomas da varíola dos macacos em humanos são bastante semelhantes ao do vírus da varíola comum, mas mais leves. É comum a presença também de febre, dor de cabeça, dores musculares, exaustão, e inchaço nos linfonodos, algo que diferencia esta doença de outras.
“Depois do período de incubação [tempo entre a infecção e o início dos sintomas], o indivíduo começa com uma manifestação inespecífica, com sintomas que observamos em outras viroses: febre, mal-estar, cansaço, perda de apetite, prostração”, explica a virologista e pesquisadora na UFMG, Giliane Trindade.
A transmissão da varíola dos macacos pode ocorrer quando a pessoa entra em contato com o vírus por meio de um animal ou pessoa infectada, ou de materiais contaminados pelo vírus. De animais para pessoas, a infecção pode ocorrer por meio de uma mordida ou arranhada do animal infectado ou através do uso de produtos feitos com animais infectados. O vírus também pode se espalhar através de contato direto com as feridas ou fluidos corporais de pessoas infectadas ou com materiais que tocaram as feridas ou fluidos infectados, como roupas. Secreções respiratórias e contato direto também podem transmitir o vírus.
A doença dura entre 2 e 4 semanas, e já mostrou causar a morte de 1 em 10 pessoas que a contraem. Mesmo que a maioria das pessoas se recupere sem a necessidade de tratamento, é importante que os diagnosticados com a varíola dos macacos se mantenham isolados.
No Brasil
Até esta segunda-feira (30), não havia nenhum caso confirmado em território brasileiro. Porém, o Ministério da Saúde foi notificado sobre duas suspeitas de varíola dos macacos – um caso no Ceará e o outro em Santa Catarina. Há também um paciente sendo monitorado no Rio Grande do Sul.
De acordo com o Ministério, os pacientes “seguem isolados e em recuperação, sendo monitorados pelas equipes de vigilância em saúde. A investigação dos casos está em andamento e será feita coleta para análise laboratorial”. O caso no Rio Grande do Sul ainda não é considerado suspeito, já que ainda está em processo de avaliação de acordo com os critérios de definição da doença.