Um peixe que vive num aquário em São Francisco, Estados Unidos, tem intrigado os cientistas e os visitantes do local. O animal, chamado de Methuselah (“Matusalém”), é o peixe de cativeiro mais velho de todo o mundo.
Ao que se sabe, Methuselah foi capturado por um navio durante uma viagem da Austrália para os Estados Unidos, e chegou até o Aquário Steinhart por volta de 1938.
Na época, ainda não havia sido inventado um método certeiro para se descobrir a idade do animal, mas se acreditava que ele já era um adulto com sete anos. Com isso, a equipe atual do Aquário acredita que Methuselah já tenha ao menos 93 anos.
Neoceratodus forsteri
O Methuselah presente no Aquário Steinhart é um peixe da espécie Neoceratodus forsteri, mais conhecido como Peixe-pulmonado-australiano. Essa espécie é famosa pela capacidade de conseguir passar longos períodos hibernando, e toma essa medida para tentar escapar de situações adversas, como períodos de secas.
Além disso, como esse peixe possui tanto pulmões, que lhe permitem respirar o ar atmosférico, como guelras, ele possivelmente descende dos primeiros habitantes aquáticos do planeta, que estiveram na Terra há 400 milhões de anos e tentaram em algum momento viver em terra firme.
Infelizmente, só será possível descobrir a idade real de Methuselah com uma autópsia. É preciso coletar o sangue do animal para o processo e, como o peixe já tem uma idade avançada, o procedimento colocaria sua vida em risco.
De acordo com Bart Shepard, diretor sênior do Aquário Steinhart, ainda não se sabe a idade máxima em que o Peixe-pulmonado-australiano pode viver em cativeiro, mas ele acredita que pode chegar e até ultrapassar os 100 anos.
Enquanto isso, o biólogo sênior do aquário, Allan Jan, explica que Methuselah é bem exigente quanto à sua alimentação. Ele diz que o peixe come em sua mão e possui uma dieta variada, que inclui camarões, mexilhões, pequenos peixes e frutas, a exemplo de amoras e uvas. Mas o alimento preferido do animal são figos frescos, e se lhe for oferecida alguma fruta que já foi congelada, o peixe simplesmente a ignora.
O biólogo ainda conta que Methuselah tem alguns comportamentos um tanto estranhos, já que ele gosta de receber carinhos em sua barriga, e certas vezes flutua com a cauda para acima, o que acaba chamando a atenção dos visitantes, que sempre questionam se o animal está realmente bem.
Antes de Methuselah, o peixe que viveu mais tempo em cativeiro era outro peixe-pulmonado-australiano conhecido como Grandad (Vovô), que faleceu em 2017 com cerca de 90 anos — 84 deles vividos no cativeiro.
Curiosidades
O peixe-pulmonado-australiano é um animal um tanto exótico que possui adaptações evolutivas impressionantes. Como ele possui pulmões, consegue viver fora da água por alguns dias, desde que seu corpo permaneça úmido. Com isso, ele consegue sobreviver e superar variações de ambientes, e esse tipo de capacidade é bastante rara entre os peixes.
Outro ponto que chama atenção nessa espécie, é que o seu metabolismo é bastante lento. Isso faz com que seu gasto energético seja muito eficiente, e com que eles precisem de pouca alimentação. Até mesmo sua taxa de crescimento é baixa, principalmente se considerarmos o quanto esse peixe pode viver, e ele pode alcançar 1.5m de comprimento.
Complementando suas capacidades evolutivas impressionantes, o peixe-pulmonado-australiano também pode hibernar. Para tal, eles costumam cavar buracos na lama e revestir seus corpos com uma mucosa protetora. Uma vez nesse estado, eles podem ficar em suspensão por meses ou até anos – sendo essa uma medida adotada em períodos de seca ou de outras condições climáticas prejudiciais ao animal.